Linhas de Pesquisa

Vigilância Genômica
Capacidade neutralizante do soro de vacinados contra as variantes virais detectadas
Identificação de anticorpos específicos induzidos pelas vacinas e suas estabilidades
Imunidade celular protetora em resposta às infecções virais
Efetividade das vacinas
O Brasil é o terceiro maior país das Américas, com dimensões continentais e com uma demografia e geografia muito diversa. Realizamos uma constante vigilância genômica dos vírus Influenza, SARS-CoV-2 e DENV circulantes no estado de São Paulo e no país. Os dados obtidos são continuamente enviados aos órgãos de assistência nas três esferas administrativas: municipal, estadual e federal, com o intuito de contribuir de maneira significativa para o direcionamento de ações em políticas públicas. Além disso, a história evolutiva dos vírus detectados pela nossa equipe é analisada e permite estimar, por exemplo, a relação de parentesco (filogenia) entre os genomas, o local e época de origem (datação) de linhagens, e a contabilização de mutações e linhagens por localidade geográfica (rede filogeográfica).
Avaliamos a capacidade neutralizante de soros de indivíduos em diferentes tempos após a imunização (de Influenza e SARS-CoV-2), contra as variantes detectadas na vigilância genômica. Utilizamos o ensaio de pseudovírus, um vírus quimérico que compreende o núcleo estrutural e enzimático de um vírus e pelo menos uma proteína ou glicoproteína de outra, como por exemplo a proteína Spike do SARS-Cov-2.

Os genomas de RNA são manipulados para codificar um gene marcador quantificável, que é empacotado por proteínas do núcleo retroviral. A transdução das células alvo pelo pseudovírus é dependente da capacidade da glicoproteína do envelope de se ligar a receptores na superfície da célula. Se a entrada for bem-sucedida, o genoma é transferido do vírus para a célula, resultando na integração e expressão do gene repórter.

Níveis de expressão da proteína marcadora, como por exemplo luciferase, em células infectadas pode ser subsequentemente medido, o que produz uma leitura quantitativa. Estes vírus são criados por cotransfecção de plasmídeos em células produtoras, como a HEK293T por exemplo. Após a transcrição e tradução dos genes, o RNA contendo o gene repórter, como a luciferase, é empacotado no capsídeo e, posteriormente, as glicoproteínas do vírus a ser estudado envolvem o capsídeo formando a partícula viral (Figura 2).

Uma vez formado, o pseudovírus transita para a membrana plasmática da célula produtora e é liberado extracelularmente. Este processo resulta em um sobrenadante de meio de cultura rico em pseudovírus, que pode ser colhido e titulado na célula alvo que expressa o receptor para sua glicoproteína do vírus de interesse. A neutralização é quantificada incubando o pseudovírus com o antissoro dos pacientes e a eficácia do antissoro é medida como a diminuição na expressão do gene repórter em comparação com o título de transdução do pseudovírus original (Carnell et al. 2015).

Em estudos de vacinas, grandes volumes de soro são necessários para testes que empregam vírus selvagem, enquanto que nos testes utilizando os pseudovírus, devido a sensibilidade produzida pela proteína repórter, a quantidade de amostra é muito baixa, ampliando, dessa forma, drasticamente o escopo dos laboratórios capacitados a avaliar com eficácia o potencial de neutralização de antissoros.
Um fator muito importante a ser considerado no monitoramento da efetividade da vacinação da população é a estabilidade dos anticorpos. A avaliação da reposta após diferentes tempos da imunização ou infecção é necessária para a correta avaliação da memória imune.

Atualmente, metodologias baseadas em ELISA que avaliam a presença de IgGs são utilizadas como teste padrão. Propomos utilizar uma nova metodologia baseada em espectrometria de massas que avalia especificamente os CDRs (Complementarity Determining Region) dos anticorpos circulantes para identificar aqueles CDRs correspondentes à resposta humoral aos vírus e, então, analisar diferentes plasmas de diferentes indivíduos com fins de quantificação de anticorpos (via quantificação de CDRs), em diferentes tempos após vacinação, para que a estabilidade dos anticorpos seja avaliada.
A caracterização do perfil de imunidade humoral e celular é fundamental para a análise de proteção de infecção e reinfecção, desenvolvimento de vacinas contra patógenos que apresentam variabilidade antigênica, controle de situações pandêmicas, potencialização da resposta imune e estudos de potencial vacinal em idosos e crianças.

Portanto, considerando que a resposta de células TCD4+ e TCD8+ efetoras e de memória exerce papel importante na proteção contra reinfecção, pretendemos criar um banco de soros e células sanguíneas de indivíduos vacinados e, então, analisar o padrão de resposta de indivíduos vacinados, frente às variantes dos vírus de Influenza e SARS-CoV-2, como um indicativo de eficiência do processo vacinal.
Este centro de estudos avaliará a efetividade das vacinas para Influenza e Covid-19, sob condições de vida real e questões como a efetividade, de acordo com diferenças sociodemográficas, de saúde e ambiental, número de doses necessárias por faixa etária e duração da proteção, e avaliação do estado imunológico.